Ginástica Olímpica encolhe? Basquete faz crescer? – Dr. Flávio Moutinho

Flavia Saraiva

Flavia Saraiva foi medalhista de ouro no solo e prata na trave na etapa brasileira da Copa do Mundo de ginástica artística, no estádio do Ibirapuera, em São Paulo. Demonstra precisão impressionante nos movimentos acrobáticos e graciosidade na dança. Mas o que mais me impressiona é que, aos 15 anos e 7 meses de idade, tem 133cm de altura e 31kg. Não que os saltos duplos, triplos, twists, grupados, carpados não impressionem; mas, cara, ela é muito pequena! Para o gráfico de crescimento, certamente; mas inclusive ao lado de outras atletas da mesma competição. Se tivesse um gráfico de crescimento de ginastas, ainda assim imagino que ela estaria com baixa estatura.

Dizem que a prática de ginástica artística na infância e adolescência diminui a expectativa de crescimento das crianças. É uma pergunta frequente dos pais. Assim como o contrário, que esportes como basquete e natação fazem crescer mais.

Não é verdade.

Georgopoulos e colaboradores publicaram em 2011 um estudo de corte transversal mostrando que a estatura final de atletas de ginástica artística era dentro da expectativa genética. Um estudo colaborativo entre EUA, Canadá, Reino Unido, Bélgica e Austrália chegou à mesma conclusão (Malina et al, 2013).

O que acontece é que na infância todas as crianças podem fazer qualquer atividade física. Em uma mesma aula de ginástica artística ou de natação você pode encontrar crianças altas, baixas, magras, gordas, de todo jeito. Mas aqueles que vão se tornar as nossas referências, os atletas de ponta, são os que mais se destacarem na atividade; os que tiverem o biotipo mais adequado para realizar aqueles movimentos. Um nadador alto leva vantagem sobre o baixo; a ginasta baixa leva vantagem sobre a alta.

O que não impede que algumas tenham algum problema de crescimento de fato, como é o caso da ginasta americana Melissa Anne Marlowe, portadora de síndrome de Turner que competiu nas Olimpíadas de 1988 em Seul.

Alimentação adequada e prática regular de uma atividade física são fatores permissivos para que a criança atinja estatura final compatível com a sua genética. A atividade mais indicada não é uma ou outra especificamente; e sim aquela que a criança mais gosta de fazer dentre as que estão à disposição. A previsão de estatura final abaixo do esperado não está relacionada ao exercício escolhido e deve sempre ser investigada.

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Flavio Moutinho é médico com atuação em Endocrinologia adulta e Pediátrica. Trabalha no setor de Endocrinologia do Hospital Federal Cardoso Fontes e em consultório particular.

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